Saturday, March 28, 2009

Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és nao vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor -- muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.

Cesariny

Friday, March 6, 2009

Onde estava tanta estrela que eu não via?

Onde estavam os meus olhos que não te encontravam?
Onde foi que pisei e não senti?
No ruído dos teus passos em meu caminho.

Onde foi que vivi?
Se nem me lembro se existi
Longe de você.

Ah! Foi você quem trouxe essa tarde fria
E essa estrela pousada em meu peito
Ah! Foi você quem trouxe todo esse vazio
E toda essa saudade, toda essa vontade de morrer de amor.


Paulinho da Viola/Hermínio Bello de Carvalho por Roberta Sá

Monday, January 26, 2009

Dicen
Que tus caricias no han de ser mías
Que tus amantes brazos no han de estrecharme
Y yo he soñado anoche que me querías
Y aunque después me muera
Quiero besarte
Dame un beso y olvida
Que me has besado
Yo te ofrezco la vida si me la pides
Y si llego a besarte, como he soñado
Ha de ser imposible
Que tu me olvides

por

Marina de La Riva

Friday, January 9, 2009

Teu corpo pertence a ti, só a ti; só tu no mundo tens o direito de desfrutar dele e de deixar desfrutar dele quem bem entenderes. Aproveite o tempo mais feliz de sua vida. São muito curtos esses anos felizes de nossos prazeres.

A Arte de Ter Prazer, Michel Onfray

Wednesday, January 7, 2009

vinha pedir-lhe amor, como se fosse um pouco de arroz ou assim. é porque também precisaria de pouco. a mim qualquer coisa me basta e vindo de si, juro-lhe, o vir de si já seria mais do que suficiente. não me considere disparatado. pode ser um disparate o que faço, mas é de um juízo grande tudo o que fazemos para ir de encontro ao coração quando o coração está certo

http://casadeosso.blogspot.com/

Thursday, January 1, 2009

sábado

Um casal discutia em frente à minha janela. Levantei-me da cama, num sobressalto, sentei-me na pedra a observar. Nunca me tinha intrometido numa coisa assim e, embora eles não me vissem, aquela era também a minha discussão. Estávamos, assim, os três, numa madrugada triste.
Ela acabou com ele. Ele não a deixou ir embora. Estava doente de ciúmes e sofria, meu deus, como sofria aquele homem cheio de alcoól nas palavras, cheio de amor, sem ver nada que não as escadas onde ela se esqueceu de o ver. E embora toda aquela discussão fosse ridícula, embora haja sempre umas escadas onde alguém nos faz esquecer que há um amor no primeiro degrau, à espera, embora toda aquela violência apaixonada não obedecesse às regras da lógica e mesmo sabendo que a única coisa que ele poderia ter feito seria apertá-la com força por entre os braços (quando ela o encontrasse, só, à espera no degrau, esquecido), ele sentiu. E ela mentia, ela, que tinha razão, ela, que não precisava de uma cena, ela que não tinha feito nada de mal. Quero dizer, ela falava a verdade. Ela encontrou um amigo, com quem falou. Só.
Mas esqueceu-se. E tenho a certeza que ele viu que os olhos dela se abriram de outra maneira. E que o corpo se curvava enquanto ria de um modo diferente. E que estava desajeitada, como uma menina. Ele sentiu.

Monday, December 29, 2008

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

Cecília Meireles