Sunday, September 28, 2008

José Miguel Silva

Já os pesadelos

                                What a perfect day to think about myself.
The The


Os sonhos dos homens assemelham-se entre si.
Já os pesadelos, cada um tem o seu.
Durante muitos anos eu fui hóspede do frio.
Enrolava cigarros para depois da chuva
e não tinha sonhos, somente pesadelos.

O mais recorrente era o do nevoeiro:
ninguém me via, era inútil mandar vir
uma caneca de cerveja, no café.
O meu dinheiro ninguém o aceitava,
ficava parado, fazia de mim um acumulador.

Como nunca saía de casa, não sabia falar
senão com mortos. Parecia-me magia
saber responder boa tarde como vai
à saudação dos vizinhos, pedir do vazio
ao homem do talho, perguntar as horas.

Tempos amargos esses, e hoje,
a mesma coisa, a mesma solidão.
Com a diferença de que sou mais forte agora,
vou à piscina duas vezes por semana,
escrevo poemas para não adormecer.



José Miguel Silva
Vista para um Pátio
seguido de
Desordem

Sunday, September 14, 2008

Os serões habituais
As conversas sempre iguais
Os horóscopos, os signos e ascendentes
Mais a vida da outra sussurrada entre os dentes
Os convites nos olhos embriagados
Os encontros de novo adiados
Nos ouvidos cansados ecoa
A canção de lisboa

Não está só a solidão
Há tristeza e compaixão
Quando sono acalma os corpos agitados
Pela noite atirados contra colções errados
Há o silêncio de quem não ri nem chora
Há divórcio entre o dentro e o fora
E há quem diga que nunca foi boa
A canção de lisboa

Mamã, mamã
Onde estás tu mamã
Nós sem ti não sabemos mamã
Libertar-nos do mal

A urgência de agarrar
Qualquer coisa para mostrar
Que afinal nos também temos mão na vida
Mesmo que seja a custa de a vivermos fingida
O estatuto para impressionar o mundo
Não precisa de ser mais profundo
Que o marasmo que nos atordoa
Ó canção de lisboa

As vielas de néon
As guitarras já sem som
Vão mantendo viva a tradição da fome
Que a memória deturpa e o orgulho consome
Entre o orgasmo e a gruta ainda fria
O abandonado da carne vazia
Cada um no seu canto entoa
A canção de lisboa


Jorge Palma

Saturday, September 13, 2008

1. O Universo é mental, o Todo é mental.
2. Como é em cima, é em baixo; como é em baixo, é em cima.
3. Nada é estático. Tudo está em vibração.
4. Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto.
5. Tudo é fluxo e refluxo, tudo tem os seus períodos de avanço e recuo, tudo sobe e desce, tudo se move como um pêndulo; a quantidade do seu movimento à direita é a do seu movimento à esquerda. O ritmo é a compensação.
6. Toda a causa tem o seu efeito, todo o efeito tem a sua causa. Tudo acontece de acordo com a Lei. O acaso não é senão o nome dado a uma lei que não se conhece.
7. A geração existe em todo o lado. Tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino.

Princípios do Kybalion