Saturday, March 29, 2008

Para calar a boca: rícino
Pra lavar a roupa: omo
Para viagem longa: jato
Para difíceis contas: calculadora

Para o pneu na lona: jacaré
Para a pantalona: nesga
Para pular a onda: litoral
Para lápis ter ponta: apontador

Para o Pará e o Amazonas: látex
Para parar na Pamplona: Assis
Para trazer à tona: homem-rã
Para a melhor azeitona: Ibéria

Para o presente da noiva: marzipã
Para Adidas, o Conga: nacional
Para o outono, a folha: exclusão
Para embaixo da sombra: guarda-sol

Para todas as coisas: dicionário
Para que fiquem prontas: paciência
Para dormir a fronha: madrigal
Para brincar na gangorra: dois

Para fazer uma toca: bobs
Para beber uma coca: drops
Para ferver uma sopa: graus
Para a luz lá na roça: duzentos e vinte volts

Para vigias em ronda: café
Para limpar a lousa: apagador
Para o beijo da moça: paladar
Para uma voz muito rouca: hortelã

Para a cor roxa: ataúde
Para a galocha: Verlon
Para ser "mother": melancia
Para abrir a rosa: temporada

Para aumentar a vitrola: sábado
Para a cama de mola: hóspede
Para trancar bem a porta: cadeado
Para que serve a calota: Volkswagen

Para quem não acorda: balde
Para a letra torta: pauta
Para parecer mais nova: Avon
Para os dias de prova: amnésia

Para estourar pipoca: barulho
Para quem se afoga: isopor
Para levar na escola: condução
Para os dias de folga: namorado

Para o automóvel que capota: guincho
Para fechar uma aposta: paraninfo
Para quem se comporta: brinde
Para a mulher que aborta: repouso

Para saber a resposta: vide-o-verso
Para escolher a compota: Jundiaí
Para a menina que engorda: hipofagin
Para a comida das orcas: krill

Para o telefone que toca
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você, o que você gosta:
Diariamente.



Nando Reis por Marisa Monte

Thursday, March 27, 2008

I had just turned sixteen that season
When you came up from burma to stay.
And you told me I ought to travel with you,
You were sure it would be ok.
When I asked how you earned your living,
I can still hear what you said to me:
You had some kind of job on the railway
And had nothing to do with the sea.

You said a lot, johnny,
All one big lie, johnny.
You cheated me blind, johnny,
From the minute we met.
I hate you so, johnny,
When you stand there grinning, johnny.
Take that damn pipe out of your mouth, you rat.

Surabaya johnny,
No ones meaner than you.
Surabaya johnny,
My God and I still love you so.
Surabaya johnny,
Why am I feeling so blue ?
You have no heart, johnny,
And I still love you so.

At the start, every day was sunday,
Till we went on our way one fine night.
And before two more weeks were over,
You thought nothing I did was right.
So we trekked up and down through the punjab,
From the source of the river to the sea.
When I look at my face in the mirror,
Theres an old woman staring back at me.

You didnt want love, johnny,
You wanted cash, johnny.
But I sewed your lips, johnny,
And that was that.
You wanted it all, johnny,
I gave you more, johnny.
Take that damn pipe out of your mouth, you rat.

Surabaya johnny.
No ones meaner than you.
Surabaya johnny.
My God and I still love you so.
Surabaya johnny,
Why am I feeling so blue ?
You have no heart, johnny.
And I still love you so.

I would never have thought of asking
How youd got that peculiar name,
But from one end of the coast to the other
You were known everywhere we came.
And one day in a two-bit flophouse
Ill wake up to the roar of the sea,
And youll leave without one word of warning
On a ship waiting down at the quay.

You have no heart, johnny!
Youre just a louse, johnny!
How could you go, johnny,
And leave me flat ?
Youre still my love, johnny,
Like the day we met, johnny.
Take that damn pipe out of your mouth, you rat.

Surabaya johnny.
No ones meaner than you.
Surabaya johnny,
My God and I still love you so.
Surabaya johnny,
Why am I feeling so blue ?
You have no heart, johnny.
And I still love you so.

Kurt Weill por Ute Lemper

Monday, March 24, 2008

Imprevisível...
De longe em longe um sinal,
Lume no céu, cinzento.
Estranha sensação dentro de mim,
andam nuvens nos meus ideais.

Quando eu te passo,
A minha chama e tu és luz,
A fantasia acorda em mim,
E a dor parece desmaiar,
Bem devagar.
Mora longe a paz que me seduz,
Estará perdida ou irá voltar?

Imprevisível...
Veneno doce a entrar,
Papel de seda a esvoaçar
Anda, vem vestir a minha pele,
Faz-te ao mar e entra em mim.

Quando a loucura,
For pra nós fundamental,
Plantarmos sonhos nos jardins,
E a solidão se esconder de nós,
Bem devagar.
Teremos nós chegado ao fim,
quando o céu for mais azul.

Quando a loucura,
For pra nós fundamental,
Plantarmos sonhos nos jardins,
E a solidão se esconder de nós,
Teremos nós chegado ao fim,
quando o céu for mais azul.


Mafalda Sachetti - Imprevisível




Thursday, March 20, 2008

Abro os olhos e adormeço
Sem a mente fraquejar
Saio pela manhã
De passagem, coisa vã
Derrapagem
Que a viagem tem princípio, meio e fim

Enquanto vergo, não parto
Enquanto choro, não seco
Enquanto vivo, não corro
À procura do que é certo

Não me venham buzinar
Vou tão bem na minha mão
Então vou para
Ver o que dá
Pé atrás na engrenagem
Altruísta até mais não

Enquanto vergo, não parto
Enquanto choro, não seco
Enquanto vivo, não corro
À procura do que é certo

Presa por um fio
Na vertigem do vazio
Que escorrega entre os dedos
Preso em duas mãos
Que o futuro é mais
O presente coerente na razão
Frases feitas são reféns da pulsação

Enquanto vergo, não parto
Enquanto choro, não seco
Enquanto vivo, não corro
À procura do que é certo

Susana Félix - Na minha mão

Saturday, March 15, 2008

"Coisas que não mais acontecerão. Tu a penteares o teu cabelo negro frente ao espelho e eu por detrás de ti escondido, como se já não existisse, estivesse ausente. Tu a fugires para longe, impossível de dizer para onde, quando te tinha nos braços, de tão perto. Vou para Nova Iorque"

Saudades de Nova Iorque - Pedro Paixão

Wednesday, March 12, 2008

Para além da orelha existe um som, à extremidade do olhar um aspecto, às pontas dos dedos um objeto - é para lá que eu vou.
À ponta do lápis o traço.
Onde expira um pensamento está uma idéia, ao derradeiro hálito de alegria uma outra alegria, à ponta da espada a magia - é para lá que eu vou.
Na ponta dos pés o salto.
Parece a história de alguém que foi e não voltou - é para lá que eu vou.
Ou não vou? Vou, sim. E volto para ver como estão as coisas. Se continuam mágicas. Realidade? eu vos espero. E para lá que eu vou.
Na ponta da palavra está a palavra. Quero usar a palavra “tertúlia” e não sei aonde e quando. À beira da tertúlia está a família. À beira da família estou eu. À beira de eu estou mim. É para mim que eu vou. E de mim saio para ver. Ver o quê? ver o que existe. Depois de morta é para a realidade que vou. Por enquanto é sonho. Sonho fatídico. Mas depois - depois tudo é real. E a alma livre procura um canto para se acomodar. Mim é um eu que anuncio.
Não sei sobre o que estou falando. Estou falando de nada. Eu sou nada. Depois de morta engrandecerei e me espalharei, e alguém dirá com amor meu nome.
É para o meu pobre nome que vou.
E de lá volto para chamar o nome do ser amado e dos filhos. Eles me responderão. Enfim terei uma resposta. Que resposta? a do amor. Amor: eu vos amo tanto. Eu amo o amor. O amor é vermelho. O ciúme é verde. Meus olhos são verdes. Mas são verdes tão escuros que na fotografia saem negros. Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.
À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta. A que diz palavras. Palavras ao vento? que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto.
Oh, cachorro, cadê tua alma? está à beira de teu corpo? Eu estou à beira de meu corpo. E feneço lentamente.
Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós.

Clarice Lispector

Saturday, March 8, 2008

Onde queres revólver sou coqueiro, onde queres dinheiro sou paixão
Onde queres descanso sou desejo, e onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada, nada falta, e onde voas bem alto eu sou o chão
E onde pisas no chão minha alma salta, e ganha liberdade na amplidão

Onde queres família sou maluco, e onde queres romântico,burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco, e onde queres eunuco,garanhão
E onde queres o sim e o não, talvez, onde vês eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão, e onde queres cowboy eu sou chinês

Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato eu sou o espírito
e onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre decassílabo
e onde buscas o anjo eu sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói
e onde queres tortura,mansidão
Onde queres o lar, revolução
e onde queres bandido eu sou o herói

Eu queria querer-te e amar o amor
construírmos dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação
tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
e vê só que cilada o amor me armou

E te quero e não queres como sou
não te quero e não queres como és

Onde queres comício, flipper vídeo
e onde queres romance, rock'nroll
Onde queres a lua eu sou o sol
onde a pura natura, o inseticídeo
E onde queres mistério eu sou a luz

Onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
e onde queres coqueiro eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim
do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
e eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo te aprender o total do querer
que há e do que não há em mim


Caetano Veloso

Saturday, March 1, 2008

Eu preciso te falar
Te encontrar de qualquer jeito
Pra sentar e conversar
Depois andar de encontro ao vento
Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol que te bronzeia
Eu preciso te tocar
E outra vez te ver sorrindo
E voltar num sonho lindo
Já não dá mais pra viverEu preciso te falar
Te encontrar de qualquer jeito
Pra sentar e conversar
Depois andar de encontro ao vento
Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol que te bronzeia
Eu preciso te tocar
E outra vez te ver sorrindo
E voltar num sonho lindo
Já não dá mais pra viver
Um sentimento sem sentido
Eu precio descobrir
A emoção de estar contigo
Ver o sol amanhecer
Como um dia de domingo

Faz de conta que ainda é cedo
Tudo vai ficar por conta da emoção
Faz de conta que ainda é cedo
E deixar falar a voz do coração


Um sentimento sem sentido
Eu precio descobrir
A emoção de estar contigo
Ver o sol amanhecer
Como um dia de domingo

Faz de conta que ainda é cedo
Tudo vai ficar por conta da emoção
Faz de conta que ainda é cedo
E deixar falar a voz do coração

Michael Sullivan e Paulo Massadas
por
Gal Costa e Tim Maia